O castelo na colina
Durante aquela viagem a um vilarejo na Itália, meus pais decidiram sair da pousada de manhã para conhecer os pontos turísticos. No topo de uma colina, depois do bosque, havia um castelo antigo. Fomos até lá de carro para conhecer.
Quando chegamos, tiramos várias fotos na entrada do castelo, até que um senhor bem idoso abriu a porta e veio nos atender. Ele perguntou se gostaríamos de conhecer as dependências do castelo que pertencera a um conde e uma condessa. Eu não queria entrar, porque aquele lugar me dava arrepios, mas meus pais são muito curiosos, então nós entramos.
O senhor nos guiou em uma visita por um longo corredor escuro, iluminado por velas em candelabros. Ele nos explicava sobre a história dos antigos moradores e sobre as obras de arte que havia ali, mas eu não prestei atenção em nada, porque três coisas muito estranhas aconteceram durante o passeio.
Primeiro, ao passarmos por um longo espelho, tive a impressão de que a imagem do velho não refletia. Depois, passando pela pintura que retratava o conde e a condessa, os olhos das imagens se mexeram. Eu tenho certeza! E por último, quando abaixei para amarrar o cadarço do meu tênis, senti como se fosse uma mão gelada tocar meu ombro e uma voz sussurrar no meu ouvido. Saí correndo e gritando para alcançar meus pais.
Quando os encontrei, estavam de frente a uma porta me esperando. Eu disse, apavorada, que queria ir embora. Mas o velho disse que entrássemos por aquela porta porque o passeio já estava acabando. Quando entramos, ele fechou a porta atrás de nós e ficamos lá sozinhos em um quarto escuro.
Meu pai bateu na porta e gritou para que o velho a abrisse e nos deixasse ir embora imediatamente. Mas a porta, que parecia estar trancada inicialmente, se abriu sozinha de repente.
Saímos, mas o que vimos deixou-nos assustados e confusos. O velho não estava lá, e o corredor. que antes, embora mal iluminado, era limpo, organizado e ostentava certa riqueza, agora estava totalmente empoeirado, cheio de teias de aranha, com objetos quebrados e caídos no chão, nenhuma vela estava acesa e várias janelas estavam quebradas, o que permitia que a luz entrasse e iluminasse um pouco o lugar.
Corremos para a porta principal, mas ela estava trancada. Meu pai quebrou uma janela e saímos. Voltamos correndo para a pousada e contamos para a gerente o que havia acontecido. E ela disse, confusa e assustada:
_ Mas aquele castelo não é aberto para visitação, ele não é um ponto turístico. O conde e a condessa morreram em um naufrágio durante seu cruzeiro de lua de mel. Eles nunca chegaram a morar no castelo. A única pessoa que viveu na casa, após isso, foi o zelador, mas isso já faz mais de 200 anos...
Fizemos nossas malas e fomos embora imediatamente. Durante a viagem de volta, olhando os arquivos na câmera do meu pai, notei que todas as fotos que tiramos não mostravam nada além de um fundo preto. Apaguei tudo. Só não consegui apagar essa experiência assustadora da minha memória.
Rita de Cássia Vasconcelos
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