O consumismo inconsciente das crianças (adaptado)
As
propagandas existem para influenciar pessoas, pensamentos e seu comportamento
de acordo com o interesse do patrocinador. O segredo delas é o envolvimento
emocional que tentam proporcionar a seu público-alvo. A televisão é o meio em
que a publicidade mais atinge as crianças e sabe-se que é muito mais fácil
fixar um hábito durante a infância, já que é nesta fase que a percepção está
sendo estruturada, tornando-se também mais difícil modificar algo assimilado
nesse período.
Com isso,
as propagandas, principalmente na TV, têm inovado sua apresentação de forma
abusiva. A maneira com que apelam para se obter a atenção de um possível
consumidor é que prejudica a saúde, e o desenvolvimento do caráter,
personalidade e autoavaliação de consumo por parte das crianças.
Hoje,
enquanto criança, o indivíduo estrutura sua percepção do consumo como o grande
prazer, gozo maior que o brincar, o aprender com a experiência, o construir seu
conhecimento com o mundo. Precocemente, a meninada é induzida a crer que os
produtos de grife são sua identidade. As crianças querem usar roupas de grife,
tênis de marca, porque neles estão expressos, embora que simbolicamente, a que
meio social pertence, ou que a ele deseja pertencer, tudo isso pautado no
consumismo. É como se fosse uma aura que envolve o produto. Por que nesse jogo
de interesse as crianças crescem com um novo pensamento, com novas ideologias:
deixam de "ser" para "ter" e passam a "ter" para
"ser".
Os
propagandistas descobriram também que a falta do convívio dos pais com os
filhos está diretamente ligada ao consumismo exacerbado das crianças. Eles, os
pais, passam a realizar tudo o que seu filho deseja desde uma marca de celular
a um delicioso hambúrguer.
Nesse
contexto, a dificuldade dos pais driblarem a sedução dos anúncios voltados para
o público infantil gera polêmica.
Em todo o
mundo há instituições voltadas para combater abusos, há até quem defenda a
proibição desses comerciais, como é o caso da ONG Instituto Alana. Segundo a
presidente, Ana Lucia Villela, "as crianças ainda não conseguem criar um
juízo de valor sobre o que veem na televisão. Até os seis anos de idade, elas
não sabem o que é comercial ou programa".
Todavia,
para que uma propaganda possa melhor convencer uma pessoa a comprar algo de que
ela não necessita, ela é, em sua maioria, formada por um texto cuidadosamente
selecionado em seus componentes linguísticos e visuais. Sendo assim, cabe aos
pais ensinar os filhos a avaliarem melhor o que lhes está sendo oferecido e a fazer
a distinção quando, por exemplo, seu super-herói está à frente da mensagem.
Dessa forma a criança irá, desde cedo, criar hábitos mais conscientes de
consumo.
Além
disso, dar um basta radical para esses apelos infantis não é a melhor saída.
Uma sugestão de Mauro Halfeld, economista e colunista da revista Época e
da Rádio CBN, "é fazer um bom acordo com as meninas e os meninos. Usar um
desses produtos que eles querem adquirir como recompensa para missões importantes,
como por exemplo, um excelente resultado na escola, ou uma bela arrumação no
quarto. Não estabelecer missão fácil e fugir dos prêmios mais caros".
Seria uma ótima opção para acabar com o consumismo exagerado dessa nova
geração.
Após a
leitura do texto, responda em seu caderno:
- Qual é o problema descrito no texto?
- De acordo com o texto, quais são os recursos usados pelas propagandas para convencer o consumidor?
- De acordo com o texto, por que as crianças querem ter os produtos anunciados na mídia, ou seja, o que esses produtos simbolizam?
- Quais são as soluções apresentadas pelo texto pra resolver esse problema?
- Consumo, propaganda e suas consequências
Consumo, propaganda e suas consequências
A
propaganda influencia o modo de vida das pessoas ou apenas reflete tendências?
Esse é um dilema recorrente que a sociedade vivencia diariamente e vale para
todas as questões, inclusive para o meio ambiente.
Esta
semana vi um anúncio de uma montadora de automóveis cujo título espelha bem
essa dúvida: “Sofisticação é ter mais
do que você precisa e tudo que você deseja”. Assinado por uma grande
agência de São Paulo e aprovado por uma multinacional francesa, essa propaganda
foi veiculada em página dupla de uma revista de circulação nacional.
Como
assim? Sofisticação? Já é ruim pelo significado explícito, mas fica pior ao
lermos as entrelinhas do título. No dicionário encontramos refinamento e
esnobação como significados de sofisticação. Então podemos traduzir que ser
refinado ou esnobe é ter mais do que você precisa e tudo que deseja.
Ter mais
do que você precisa não é sofisticação, é desperdício tolo. É acumular coisas
desnecessárias, consumir de forma irracional e estimular o uso predatório dos
recursos naturais. Numa época em que discutimos aquecimento global e
desenvolvimento sustentável, um anúncio desses parece um despropósito imenso. É
usar a inteligência e talento publicitário para imprimir uma sandice sem
tamanho.
Mas aí
entra a segunda parte do questionamento. Afinal a propaganda é só uma ciência
que estimula o consumo a qualquer preço ou tem uma utilidade maior? Fico muito
à vontade para falar sobre propaganda e acho ótimo debater sobre o tema. Sou
publicitário e lido diariamente com a questão, mas gosto de analisar sob a
ótica da função do ofício. Não acho que propaganda sirva para vender tudo para
qualquer pessoa, nem mesmo para convencer, enganar ou estimular o consumo
desenfreado.
Nossa
profissão é séria, conta com profissionais que se destacam no mundo todo, cria
trabalhos fantásticos, tem responsabilidades, possui um Código de Ética e até
mesmo um Conselho de Auto Regulamentação Publicitária – o CONAR. Apesar de tudo
isso, às vezes derrapa feio, como nesse anúncio de automóveis. Mas é necessário
analisar que todo anúncio espelha com exatidão o pensamento do cliente. Aí já
entramos na filosofia do anunciante, em seus valores e crenças.
Infelizmente,
“ter mais do que você precisa e tudo que você deseja” é visto como sinônimo de
sucesso. Êxito profissional e pessoal são medidos pelo que ostentamos, pelo que
consumimos e aparentamos ser. Não quero apontar o dedo e afirmar que este nosso
comportamento é certo ou errado, apenas propor uma reflexão sobre como os fatos
estão interligados.
Quando
estimulamos e propagamos a ideia de ter mais do que precisamos, estamos na
verdade alimentando o desperdício e um modo de vida altamente comprometedor
para o futuro do nosso planeta. Ter tudo que desejamos pode ser um estímulo
para vencermos as dificuldades, mas e no caso de uma criança? Será que os pais
e mães devem ceder a todos às vontades dos filhos? Dar a eles tudo que querem?
E quantas vezes nós mesmos não agimos como crianças mimadas e queremos tudo?
Preservação
ambiental e egoísmo são imiscíveis, não se misturam por nada, são absolutamente
incompatíveis. É importante agirmos com consciência coletiva, pensar e viver de
acordo com o desenvolvimento de nossas virtudes e não com a repetição de vícios
e defeitos. A evolução é um caminho sem volta, mas muitas vezes ficamos parados
feito poste diante de tantas opções para exercitarmos nosso egoísmo, vaidade e
orgulho.
O anúncio
do automóvel tenta nos convencer que “sofisticação é ter mais do que você
precisa e tudo que você deseja”, mas também nos estimula ao raciocínio lógico
sobre qual mundo estamos construindo. Queremos viver nesse mundo falsamente
sofisticado, ou optaremos por valores mais saudáveis para nós e nossos filhos?
Cada um tem uma resposta. Qual é a sua?
Eugenio
Muller. Disponível em: http://www.vivaitabira.com.br/viva-colunas/index.php?IdColuna=285
Após a
leitura do texto, responda em seu caderno:
- De onde o autor do texto retirou a frase “Sofisticação é ter mais do que você precisa e tudo o que você deseja”?
- De acordo com o texto, o que significa a frase “Sofisticação é ter mais do que você precisa e tudo o que você deseja”?
- Por que, segundo o texto, estimular o consumo de coisas desnecessárias é prejudicial?
- De acordo com o texto um slogan de propaganda comercial como o mencionado no segundo parágrafo pode ter dois objetivos. Que objetivos são esses?
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