Plano de aula
Rita de Cássia Vasconcelos Língua
Portuguesa
Tema: Projeto Memorial: Tradições orais - Cordel e Lendas
Justificativa: À medida que a ciência e a tecnologia avançam;
a sociedade, os ideais, os valores e as linguagem mudam, e o distanciamento do
passado torna-se inevitável.
Mas a desvalorização da história,
da memória cultural, das tradições, afasta o homem de suas raízes e da
“realidade objetiva”.
Isso impossibilita-o de compreender
como e porque se dão as transformações econômicas, políticas, sociais,
linguísticas e culturais, porque ele não entende, não conhece a origem dessas
transformações. Dessa forma, o homem se torna presa fácil de manipulação e
dominação.
Pensando nisso, o projeto Memorial
do Brasil, realizado pela Escola Estadual Coronel Oscar Prados, tem como
objetivo resgatar, valorizar e preservar a memória do país, entendendo-a como
elemento fundamental na formação da identidade cultural individual e coletiva,
na instituição de tradições e no registro de experiências significativas.
Objetivos:
·
Valorizar
e preservar a memória do Brasil.
·
Conhecer
um pouco sobre a história do Cordel, uma importante manifestação cultural do
Brasil.
·
Compreender
o gênero textual Cordel a partir de suas características, estrutura e
objetivos.
·
Valorizar
a diversidade cultural brasileira conhecendo lendas de diferentes regiões do
país.
·
Trabalhar
a produção escrita através da intertextualidade e interdiscursividade entre do
gênero narrativo cordel e lendas brasileiras.
Recursos:
·
Sala
de vídeo.
·
Cópias
dos textos trabalhados para os alunos.
·
Folhas
sulfite e papéis carbono para confecção dos folhetos de cordel.
Avaliação:
·
Correção
do questionário sobre o vídeo que conta a história da Literatura de Cordel.
·
Correção
das produções de texto dos alunos.
Atividade 1: A história do Cordel
Na Europa, na
Idade Média, num tempo em que não existia televisão, cinema, teatro internet
para divertir o povo. A imprensa ainda não tinha sido inventada e pouquíssima
gente sabia ler e escrever. Os livros eram raríssimos e caros, pois tinham de
ser copiados a mão, um a um. Então, como as pessoas faziam para conhecer novas
histórias?
Pois bem, mesmo
nos pequenos vilarejos existia um dia da semana que era especial: o dia da
feira. Nessas ocasiões, um grande número de pessoas se dirigia à cidade, e ali
os camponeses vendiam seus produtos, os comerciantes ofereciam suas mercadorias
e artistas se apresentavam para a multidão.
Um tipo de
artista muito querido por todos era o trovador ou menestrel. Os trovadores
paravam num canto da praça e, acompanhados por um alaúde (um parente antigo dos
violões e violas que conhecemos hoje), começavam a contar histórias de todo
tipo: de aventuras, de romance, de paixões e lendas de reis valentes, como o
Rei Carlos Magno e seus doze cavaleiros.
Para guardar
tantas histórias na cabeça, os trovadores passaram a contar suas histórias em versos. Dessa forma
as rimas iam ajudando o artista a se lembrar dos versos seguintes, até chegar o
fim da história.
Ao final da
apresentação, o povo jogava moedas dentro do estojo do alaúde. O trovador,
satisfeito, agradecia e partia em direção a outra cidade ou da próxima feira.
Mais tarde,
quando Gutemberg inventou a imprensa, esses poetas populares puderam então
registrar, imprimir e divulgar seus versos, popularizando o gênero textual que
mais tarde viria a se chamar Cordel.
Vamos, agora, assistir a um vídeo
que fala sobre a história e as características da Literatura de Cordel. Como
forma de sintetizar o conteúdo desse vídeo, vamos responder ao questionário a
seguir.
1. Em
que época e em que região do mundo se inicia a história do Cordel?
2.
Em que outros países,
além do Brasil, já houve a produção de Literatura de Cordel?
3.
Por que em 1870 toda a
Literatura de Cordel foi queimada na França?
4.
Como a Literatura de
Cordel chegou ao Brasil e como ela se espalhou pelo país?
5.
Por que a Literatura
de Cordel recebeu esse nome?
6.
Como são os textos da
Literatura de Cordel do Brasil?
7.
Quais são os temas
presentes nos textos de cordel
antigamente e atualmente?
8.
Qual era a importância
do Cordel nos tempos em que não havia muito de comunicação como hoje?
9.
Quais as diferenças
entre a poesia do cordel e a poesia erudita?
10. Quem é considerado o principal escritor da Literatura de
Cordel?
11. O que é xilogravura e como ela é feita?
12. De que outras maneiras a Literatura de Cordel vem sendo
usada atualmente?
Atividade 2: Analisando o Cordel como gênero narrativo
Como
você já sabe o texto de Cordel essencialmente é uma narrativa contada em versos
com rimas. Sendo assim, identifique os elementos da narrativa, presentes no
cordel de Pedro Bandeira “O pássaro lapão”:
·
Personagens e
suas características:
·
Tempo
(cronológico ou psicológico):
·
Espaço:
·
Foco:
·
Introdução:
·
Conflito:
·
Desfecho:
O Pássaro Lapão
Pedro Bandeira
Do tal Pedro Malasartes,
você já ouviu falar?
Pois prepare sua risada
que estou pronto pra contar.
Esse Pedro é uma caipira
Bem do tipo brasileiro:
É quietão, de fala mansa,
Mas sabido e muito arteiro.
Pra dar duro no batente,
nosso Pedro é só preguiça,
mas não perde ocasião
de vingar uma injustiça.
E injustiça é o que não falta
nessa vida lá da roça.
Só se livra das maldades
o sujeito que tem bossa.
Foi assim que certa vez
o Martinho Deodato,
capataz do coronel,
foi caçar jacu no mato.
Quando ouviu um barulhinho,
levou a espingarda ao peito,
mas errou a pontaria,
deu um tiro tão sem jeito
que matou o cabritinho
da viúva do Chicão
e em vez de pagar a perda
inda disse um palavrão.
A viúva foi ao Pedro
contar a situação.
Pedro não era de briga,
mas jurou reparação.
Tratou logo de comer
uma janta reforçada:
rapadura, dois repolhos
e uma enorme feijoada...
Frente à casa do Martinho,
agachou-se bem na estrada.
e soltou a feijoada!
Com o seu velho chapéu,
tudo aquilo ele tapou
e agarrando bem as abas
calmamente ele esperou.
Foi aí que o Deodato
a tal cena veio ver
mas achando muito estranho
malcriado quis saber:
_Que será que está havendo?
Será louco esse sujeito?
O que está fazendo aí
agachado desse jeito?
Pra erguer esse chapéu
você não tem força, não?
Ou será que esse chapéu
tá pregado aí no chão?
Malasarte até gostou
da caçoada do safado,
pois chegara a ocasião
de fisgá-lo bem fisgado.
_Nada disso, meu amigo,
é que eu consegui pegar
o tal pássaro lapão
que não pode me escapar.
Ele é muito valioso:
a mulher do delegado
prometeu dar um milhão
se eu pegar este danado...
Quando ouviu falar
a cobiça começou
a crescer no Deodato,
e o safado comentou:
_Um milhão é um bom dinheiro,
muito mais que o senhor pensa.
E por que não vai buscar
essa grande recompensa?
A arapuca estava pronta,
só faltava um bocadinho
para ver o Deodato
cair nela direitinho.
_Esse é um bicho delicado,
qualquer coisa lhe faz mal.
Só se deve transportá-lo
em gaiola especial.
A gaiola é muito cara,
fabricada no estrangeiro.
E eu nem sei o que fazer
já que não tenho dinheiro.
A cobiça foi crescendo,
Até dava comichão,
pois aquele capataz
só pensava no milhão:
_Vou enganar esse caipira,
pelo jeito ele é um cretino.
Não fosse eu, o Deodato,
um sujeito tão ladino...
Se a questão era dinheiro,
e se o outro nada tinha,
para ele estava fácil,
era só manter a linha:
_Gostaria de ajudar
e o problema resolver.
A gaiola, quanto custa?
Gostaria eu de saber...
Malasarte suspirou,
fez um cálculo mental,
lembrou da boa viúva
e do seu pobre animal.
_A gaiola, meu amigo,
é bem cara, eu admito.
Ela custa, lá na venda,
mais que o preço de um cabrito...
Sem perder nem um segundo,
nem contar o que continha,
Deodato lhe estendeu
a carteira bem cheinha.
_Eis aqui todo o dinheiro,
não precisa nem contar.
Deixe que eu seguro as abas,
e a gaiola vá comprar!
Malasarte foi pegando
o dinheiro sem demora,
montou rápido na mula
e tratou de ir logo embora.
Foi pra casa da viúva,
que chegou a dar um grito
quando viu tanto dinheiro
pra comprar outro cabrito.
O Martinho Deodato
Ficou vendo o Pedro ir
e assim que se viu sozinho,
bem feliz ficou a rir:
_Pelo preço de um cabrito,
vou ganhar esse milhão!
Agora é só agarrar
o tal pássaro lapão!
Foi pegar o passarinho
de uma forma meio lerda,
devagar ergueu a aba
e enfiou a mão na...
Foi pegar o passarinho,
bem do jeito que ele gosta
devagar ergueu a aba
e enfiou a mão na...
Atividade 3: Produzindo
Cordel
Assim como os cordeis, outros
gêneros textuais como contos populares, lendas, mitos etc. bem como os saberes
e costumes das comunidades nascem a partir da tradição oral, ou seja, vão
passando de geração em geração, de pais para filhos, de avós para netos.
Essas tradições devem ser
respeitadas e valorizadas uma vez que constituem patrimônio oral ou patrimônio
imaterial, e é através disso que cada povo marca a sua diferença e encontra-se
com as suas raízes, isto é, revela e assume a sua identidade cultural.
Pensando nisso, vamos construir
um pequeno memorial das tradições orais brasileiras, através da produção de
cordeis inspirados em lendas, contos e mitos de cada região do país.
A turma será dividida em grupos
de até 4 pessoas.
Cada grupo receberá uma lenda,
mito ou conto popular brasileiro e produzirá um cordel baseado nesse texto.
Os cordeis deverão ser entregues
em rascunho para a professora corrigir.
Posteriormente, após a correção,
os grupos reproduzirão o cordel em folhas sulfite, de forma similar aos cordeis
originais.
Os grupos também produzirão
xilogravuras para ilustrar as capas de seus cordeis conforme explicação da
professora.
As produções serão xerocadas e
expostas em cordões numa pequena feira realizada durante o recreio.
Trabalho de Português - Valor 2,0 pontos
Objetivo: Criar um folheto de
Cordel baseado um uma lenda brasileira.
Instruções:
·
Crie um poema de Cordel narrando a lenda que
você recebeu.
·
O texto deve seguir toda a estrutura do gênero
textual Cordel:
Þ
ser feito em versos,
Þ
conter rimas,
Þ
narrar uma história com começo meio e fim,
Þ
ser simples e direto.
·
Faça primeiramente em rascunho.
·
Após a correção da professora, você irá passar o
texto para folhas sulfite, grampeadas em forma de folheto, como nos Cordeis.
·
Produza uma “xilogravura” conforme as
explicações da professora e ilustre a capa de seu cordel.
Avaliação:
Þ
Pontualidade, capricho e criatividade.
Þ
Adequação do texto às características do gênero.
Þ
Xilogravura.
Não serão aceitos
trabalhos entregues fora da data. Deverá ser entregue um trabalho por dupla.
Lendas utilizadas
(Região SUL)
A lenda das Cataratas
No sul existe uma lenda sobre a
origem das Cataratas do Iguaçu.
Diz que os índios Caigangues,
que habitavam as margens dos rios Iguaçu e Paraná, acreditavam que o mundo era
governado por M’Boy, ou Mbá, um deus que tinha a forma de uma serpente e era
filho de Tupã.
O cacique dessa tribo, chamado
Igobi, tinha uma filha, Naipi, tão bonita que as águas do rio paravam quando a
jovem nelas se olhava.
Devido à sua beleza, Naipi foi
prometida ao deus M’Boy, e passaria a viver somente para o seu culto.
Havia, porém, entre os
Caigangues, um jovem guerreiro chamado Tarobá, que ao ver Naipi por ela se
apaixonou.
No dia em que foi anunciada a
festa de entrega da bela índia ao deus, enquanto o cacique e o pajé bebiam,
Tarobá fugiu com a linda Naipi, numa canoa que seguiu rio abaixo arrastada pela
correnteza.
Quando M’Boy soube da fuga de
Naipi e Tarobá ficou furioso. Penetrou, então, nas entranhas da terra e retorcendo
o corpo produziu uma enorme rachadura, que formou uma catarata gigantesca.
Envolvida pelas águas desta
imensa cachoeira, a canoa dos índios fugitivos caiu de grande altura,
desaparecendo para sempre.
Diz a lenda que Naipi foi
transformada em uma das rochas centrais das cataratas, eternamente castigada
pelas águas revoltas. E Tarobá foi convertido em uma árvore, situada à beira do
abismo e inclinada sobre a garganta do rio. Debaixo dessa árvore acha-se a
entrada da gruta, de onde o monstro vingativo vigia, eternamente, as suas duas
vítimas.
(Região SUL)
A lenda do caixão branco
Conta-se que antigamente havia na
região um senhor muito mão-de-vaca. Ele economizava até na alimentação.
Quando chegavam visitas em sua
casa, recebia-as somente na varanda, não as recolhendo ao interior da casa. Não
desejava correr o risco de ter que alimentá-las. Não oferecia nem mesmo o
costumeiro chimarrão.
Quando chegava o horário das
principais refeições chamava sua esposa para conversar com as visitas, ia até a
cozinha para comer e voltava rapidamente para continuar a conversa.
As pessoas mais idosas contam
que o sovina enterrava todo o dinheiro que recebia dos pinheiros que
comercializava.
Ocorre que após o seu
falecimento passaram a acontecer coisas estranhas.
Conta-se que se alguém passar
depois da meia-noite em frente à casa onde ele morava, aparece um caixão
branco, que voa em direção onde ele enterrou o dinheiro.
Atualmente, as terras que lhe
pertenciam foram compradas. O novo dono não faz outra coisa, a não ser procurar
o dinheiro enterrado.
(Região
Norte)
A lenda da Iara
A Iara é uma das mais conhecidas
lendas do folclore brasileiro. Ela é uma linda sereia que vive no rio Amazonas,
sua pele é morena, possui cabelos longos, negros e olhos castanhos.
Segundo a lenda, Iara era uma
índia guerreira, a melhor da tribo e recebia muitos elogios do seu pai que era
pajé.
Os irmãos de Iara tinham muita
inveja, resolveram matá-la à noite enquanto dormia.
Iara, que possuía um ouvido
bastante aguçado, os escutou tramando sua morte, se antecipou e os matou.
Com medo da reação de seu pai,
Iara fugiu.
Seu pai, o pajé da tribo, realizou uma busca
implacável e conseguiu encontrá-la. Como punição pelas mortes a jogou no encontro
dos Rios Negro e Solimões.
Alguns peixes levaram a moça até a superfície
e a transformaram em uma linda sereia.
Desde então, Iara costuma tomar
banho nos rios e cantar uma melodia irresistível, desta forma os homens que a
veem não conseguem resistir aos seus desejos e pulam dentro do rio. Ela tem o poder
de cegar quem a admira e levar para o fundo do rio qualquer homem que ela
desejar se casar.
Os
índios acreditam tanto no poder da Iara que evitam passar perto dos lagos ao
entardecer.
(Região
Nordeste)
A lendo do Cabeça-de-cuia
Crispim era um pescador que
vivia da pesca nas águas do rio Parnaíba e habitava as suas margens, nas
imediações em que o rio recebe as águas do rio Poti, zona norte de Teresina, no
Piauí. Morava com a mãe, já velha e adoentada.
Cetra vez, depois de passar um
dia inteiro sem nada conseguir pescar, Crispim volta para casa cheio de
frustração e revolta. Pede à mãe alguma coisa para comer, e esta lhe serve o que
tinha: uma rala sopa de osso.
Irritado, Crispim grita que
aquilo é comida para cachorro, e em seguida pega o osso e parte para cima da
mãe, atingindo-a várias vezes.
Desesperado, o pescador sai
correndo porta afora e joga-se nas águas do rio, enquanto a mãe, agonizando,
lança-lhe uma maldição: “Haverá de se transformar em um terrível monstro, que
só descansará quando sacrificar sete virgens chamadas Maria”.
Crispim se transforma num ser
com uma cabeça enorme, alto, magro, com longos cabelos caídos pela testa e
cheios de lodo e passa a ser chamado de Cabeça-de-Cuia.
Desde esse dia, o Cabeça-de-cuia
nada errante pelas águas dos dois rios, surgindo ora aqui, ora ali, na época
das enchentes e nas noites de sexta-feira.
Aparece de repente para ameaçar os pescadores
que pesquem em excesso, além do que precisam e para agarrar banhistas
desavisados, principalmente crianças, arrastando-os para o fundo das águas.
De sete em sete anos, devora uma
moça chamada Maria. Após apoderar-se de sete Marias, seu encanto estará
quebrado e ele retornará ao seu estado natural.
(Região
Norte)
A lenda da vitória-régia
As lagoas e os lagos amazônicos
são espelhos naturais da vaidosa Jaci, a lua. As cunhãs (índias) e as caboclas
ao vê-la refletida sentiam toda a inspiração para o amor. Ficavam então no alto
das colinas esperando pelo aparecimento da lua, e que com o contato de sua luz
pudessem subir ao céu, transformadas em estrelas para ficar mais perto de Jaci.
Um belo dia uma linda cabocla,
tomada pelo amor, resolveu que era chegado o momento de transformar-se em estrela. E com este
intuito subiu à mais alta colina, esperando poder tocar a lua e assim
concretizar o seu desejo.
Mas ao chegar ao cimo da colina
viu a lua refletida na grande lagoa e pensou que ela estava se banhando.
Na ânsia de tocar Jaci para
realizar seu sonho de amor, a bela cabocla lançou-se às águas da lagoa. Mas
acabou se afogando e afundou sumindo nas águas.
A lua Jaci, comovida com o
infortúnio de tão bela jovem e não podendo satisfazer seu desejo de levá-la
para o céu em forma de estrela, transformou-a na bela estrela das águas, a
linda planta aquática que é a Vitória Régia, cuja beleza e perfume são
inconfundíveis.
Dizem que o local onde o fato
aconteceu é o lago Espelho da Lua, situado no município de Faro, na região do
baixo amazonas paraense.
(Região Sudeste)
A Mulher de
duas cores
No século dezenove, na época da
escravidão, havia uma fazenda na fronteira de Minas Gerais com São Paulo onde
morava um viúvo fazendeiro chamado Ernesto, que tinha uma filha loira com o
nome de Cláudia.
Certo dia, a filha do fazendeiro
se apaixonou por um escravo e este casal passou a se encontrar escondido.
Porém, Ernesto descobriu sobre o namoro de Cláudia, a proibiu de se encontrar
com o escravo e ameaçou vender o seu amado.
A moça confessou estar grávida e
fugiu com o seu amado para um quilombo. A mãe do escravo ao saber desta
história fez um ritual de candomblé para que a criança não nascesse.
Já, o fazendeiro ao saber de
tudo isto, encomendou os trabalhos de uma feiticeira europeia para que, também,
o bebê não viesse ao mundo.
Alguns meses se passaram e
Cláudia deu a luz a uma menina de duas cores: metade do corpo da criança era
negro e outra parte era branca. Esta criança foi batizada com o nome de Branca
Morena.
O povo do quilombo costumava
costurar roupas diferentes para esta menina: seus vestidos sempre tinham duas
cores: preto e branco; vermelho e azul; verde e rosa; etc.
O tempo passou, a princesa
Isabel assinou a abolição dos escravos. Mas este casal, com medo que sua
criança sofresse, nas mãos dos preconceituosos, decidiu não sair do quilombo.
Porém, ao completar quinze anos
de idade, Branca Morena fugiu do quilombo e chegou de noite a uma cidade.
Ela moça entrou dentro de uma
casa sem bater , porém tropeçou num vaso e fez barulho. Desta maneira, uma das
moradoras deu de cara com ela e se assustou soltando um grito.
Então, as outras pessoas da casa
acordaram e se espantaram com a aparência de Branca Morena. Assim, o integrante
mais velho, pensando em se tratar de uma assombração diabólica, amarrou a moça,
colocou-a num saco e matou a pobre, com um tiro, numa das estradas de Minas Gerais
que fazia fronteira com São Paulo.
Diz a lenda que seu fantasma
ainda anda por aquela estrada , assustando os caminhoneiros e os condutores dos
demais veículos . Até hoje, ela caminha com pressa, quase correndo, sem botar o
calcanhar no chão .
(Região sudeste)
O Fantasma do Convento
Há muito tempo atrás, Joaquim,
um jovem frei viajante, chegou ao Espírito Santo. Fico hospedado em Vila Velha. Logo
decidiu dar uma caminhada para conhecer a vila e as pessoas que ali viviam.
À tarde, chegou numa pequena
aldeia de pescadores de onde se podia ver um convento no alto de um monte.
_ É o Convento da Penha_
Informou um pescador.
Joaquim ficou muito admirado com
o belo convento. À noite, o frei encontrou um velho pescador a quem perguntou:
_ Como faço para chegar no
Convento da Penha?
_Mas agora, frei? Já está
anoitecendo ..._ Disse o pescador.
_Qual o problema? Não vou me
perder.
_Você não tem medo do fantasma?
_Perguntou o velho.
_Fantasma?
_Sim. Toda a noite ele passeia
próximo ao convento. Ninguém sobe ao convento de noite.
Joaquim riu muito. Ele chamou
todos os habitantes da vila de pescadores e explicou para eles que fantasmas
não existem. E para provar sua coragem disse:
_Já é quase meia-noite. Eu vou
subir o caminho da Penha (hoje Ladeira do Convento) e, chegando lá em cima, vou
tocar o sino da capela doze vezes.
O frei pegou a lanterna e
iniciou a subida. No caminho os pios das corujas e outras aves noturnas não o
assustavam.
_Aquele povo inculto precisa
aprender uma lição e não acreditar mais nessas besteiras "_ Pensava ele
enquanto os vaga-lumes brilhavam pelo caminho.
Chegando ao convento, Frei
Joaquim foi até o campanário para tocar o sino e provar o êxito de sua
aventura.
Quando ele foi tocar o sino,
segurando a corda estava o fantasma do convento. O aterrorizado frei largou a
lanterna e desceu o monte correndo no escuro!
Os moradores da vila ficaram
surpresos ao vê-lo chegar, passando tão depressa.
Ninguém ficou sabendo o que
acontecera, mas todos tinham certeza de duas coisas: ele só não se machucou por
milagre de Nossa Senhora da Penha e aquele frei aprendeu uma valiosa lição:
Deve-se sempre respeitar as crenças de um povo.
(Região
Centro-oeste)
Muito bom, seu projeto. Me ajudou muito em meu trabalho sobre lendas brasileiras. Parabéns, colega!
ResponderExcluirAbraços,
Maria Zilda de Oliveira