Este vídeo "Mudando Paradigmas na Educação"
é uma animação feita a partir de uma palestra dada na RSA
(Sociedade Real para o incentivo das Artes, Manufactura e Comércio) por Sir Ken Robinson, renomado especialista em educação e criatividade, nomeado cavaleiro do reino pela rainha Elizabeth II em 2003.
é uma animação feita a partir de uma palestra dada na RSA
(Sociedade Real para o incentivo das Artes, Manufactura e Comércio) por Sir Ken Robinson, renomado especialista em educação e criatividade, nomeado cavaleiro do reino pela rainha Elizabeth II em 2003.
No vídeo, Robinson alerta sobre os perigos do que
ele chama de “epidemia de déficit de atenção” e tece uma engenhosa reflexão
sobre a necessidade de mudanças nos
modelos de educação difundidos até hoje.
modelos de educação difundidos até hoje.
Mudando Paradigmas
Sir Ken Robinson
Todo país do mundo nesse momento, está
reformando a educação pública. Há duas razões para isso: A primeira é
econômica. As pessoas estão tentando resolver, como nós educamos nossos filhos,
para assumirem seus lugares nas economias do século XXI.
Como fazemos isso? Já que nem sequer podemos
antecipar como a economia vai estar no final da próxima semana. Como a recente
crise demonstrou.
A segunda é cultural: Todo país do mundo está
tentando entender como educamos nossos filhos para que eles tenham uma
percepção de identidade cultural para que possamos passar os genes culturais de
nossas comunidades. Enquanto fazendo parte do processo da globalização, como
equacionamos isso?
O problema é que eles estão tentando chegar ao
futuro fazendo aquilo que fizeram no passado. E no processo estão alienando
milhares de crianças que não vêem nenhum propósito em ir para a escola.
Quando nós fomos para escola, éramos mantidos
lá com a história de que se você estudasse bastante e tirasse boas notas e
obtivesse um diploma universitário, você conseguiria um emprego. Nossos filhos
não acreditam nisso. E a propósito, eles estão certos em não acreditar.
É melhor ter um diploma do que não ter um, mas
isso não é mais uma garantia. Particularmente se o caminho para ele,
marginalizar a maior parte das coisas que
você pensa que são importantes para você.
você pensa que são importantes para você.
Algumas pessoas dizem que temos que elevar os
padrões - se isto representa algum avanço. Sabe. Claro que devemos elevá-los.
Por que baixaríamos? Você sabe, eu ainda não encontrei nenhum doido que me persuadisse
a baixar os padrões. Mas elevá-los, é claro que devemos elevá-los.
O problema é que o sistema educacional atual
foi desenhado e pensado e estruturado para uma época diferente. Ele foi
concebido na cultura intelectual do Iluminismo. E na circunstância econômica da
Revolução Industrial.
Antes da metade do Século XIX não havia
sistemas de educação pública. Não realmente. Você era educado por Jesuítas se
você tivesse dinheiro.
Mas Educação Pública financiada pelos impostos. Obrigatória para todos e de graça, era uma idéia revolucionária.
Mas Educação Pública financiada pelos impostos. Obrigatória para todos e de graça, era uma idéia revolucionária.
E muitas pessoas foram contra isso. Elas
disseram que não era possível para muitas crianças de rua e da classe operária,
se beneficiarem da Educação Pública.
Elas são incapazes de aprender a ler e escrever, então por que estamos gastando tempo com isso?
Elas são incapazes de aprender a ler e escrever, então por que estamos gastando tempo com isso?
Então foi embutido nisso uma série de
suposições a respeito da capacidade de estruturação social. Isto foi
impulsionado por uma necessidade econômica da época.
Mas paralelamente a isso estava um Modelo Intelectual da Mente. O que essencialmente era a visão Iluminista da inteligência.
Mas paralelamente a isso estava um Modelo Intelectual da Mente. O que essencialmente era a visão Iluminista da inteligência.
A inteligência real consistia nessa capacidade
para certos tipos de deduções lógicas. E num conhecimento dos Clássicos. O que
passamos a definir como habilidade acadêmica. E isto está implantado
profundamente na cadeia genética da educação pública.
É que há apenas dois tipos de pessoas:
Acadêmicos e não acadêmicos. Pessoas inteligentes e pessoas desprovidas de
inteligência. E a consequência disso é que muitas pessoas brilhantes acham que
não o são. Porque elas são julgadas com base nessa visão especifica da mente.
Então nós temos pilares gêmeos, econômico e
intelectual. A minha visão é que esse modelo trouxe caos para a vida de muitas
pessoas. Tem sido ótimo para alguns.
Há pessoas que se beneficiaram enormemente com
isso. Mas a maioria das pessoas não. Elas ao invés sofreram isso.
Isto é a epidemia moderna. E é tão
inapropriada como fictícia. Isto é a praga do TDAH (Transtorno do Déficit de
Atenção com Hiperatividade).
Este é um mapa da incidência do TDAH nos EUA.
Ou prescrições médicas para TDAH. Não me interprete mal. Eu não quero dizer que
não há tal coisa como Transtorno do Déficit de Atenção. Eu não estou
qualificado para dizer que não existe tal coisa. Eu sei que uma grande parte
dos psicólogos e pediatras acreditam que exista tal coisa. Mas ainda é um
assunto em discussão.
O que eu sei como fato, é que não é uma
epidemia. Essas crianças estão sendo medicadas com a mesma frequência em que
retiramos nossas amídalas. E pelos mesmos motivos caprichosos e pela mesma
razão.... modismo médico. As nossas crianças estão vivendo no período mais
intensamente estimulante da história da terra.
Elas estão sendo cercadas por informação e
dividindo sua atenção entre várias plataformas. Computadores, iPhones e
publicidade de centenas de canais de TV. E nós as estamos penalizando por se
distraírem. De quê? Coisas chatas.... na escola. Na maioria das vezes.
Parece-me não ser totalmente uma coincidência
que a incidência de TDAH tenha aumentado paralelamente ao crescimento da
padronização dos testes. Estas crianças estão sendo medicadas com Ritalina e
Adderall e todo o tipo de coisas. Drogas geralmente bastante perigosas para
ajudá-las a se concentrarem e se acalmarem.
Mas de acordo com isto o TDAH aumenta a medida
que você cruza o país em direção ao leste.
As pessoas começam a perder o interesse em Oklahoma. Elas
dificilmente conseguem pensar direito em Arkansas. E quando chegam a Washington já estão completamente
perdidas. E eu creio que há razões diferentes para isso....
É uma epidemia fictícia. Se você pensar nisso,
as Artes. E eu não quero dizer que seja exclusivamente as Artes. Eu também acho
que é o caso da Ciência e da Matemática. Eu menciono as Artes em particular,
porque eles são as vítimas dessa mentalidade atualmente. Em especial.
As Artes tratam especialmente da idéia de
experiência estética.
Uma experiência estética é aquela em que os
seus sentidos estão operando na sua capacidade máxima.
Quando você está presente no momento atual
Quando você está vibrando com o entusiasmo
desse sentimento que você está experimentando.
Quando você está plenamente vivo.
E Anestésico é quando você fecha seus
sentidos, e se anestesia para o que está acontecendo. E muitas dessas drogas
fazem isso. Nós estamos conduzindo nossas crianças na sua educação escolar,
anestesiando-as. E eu penso que deveríamos fazer exatamente o contrário. Não
devemos colocá-las para dormir, mas sim despertá-las,para aquilo que elas tem
dentro de si.
Mas o modelo que temos é esse. Eu acredito que
nós temos um sistema educacional moldado nos interesses da industrialização e
na sua imagem. Eu vou dar alguns exemplos.
Escolas ainda são organizadas como fábricas.
Com sinais tocando, diferentes instalações,
especializada em diferentes matérias. Ainda educamos crianças por grupos. As
colocamos no sistema por faixa etária. Por que fazemos isso?
Por que há essa suposição, de que a coisa mais
importante que as crianças tem em comum é a idade? É quase como se a coisa mais
importante sobre elas fosse a sua data de fabricação.
Eu conheço crianças que são muito melhores do
que outras crianças da mesma idade em diferentes matérias. Ou em diferentes
horas do dia. Ou melhores em grupos menores do que em grupos maiores, ou as vezes
elas querem ficar sozinhas.
Se você está interessado no modelo de
aprendizado, você não começa por essa mentalidade de linha de produção. Isto é
essencialmente sobre normatização, é cada vez mais a respeito disso, quando
você olha o crescimento dos testes padronizados e de currículo escolares
padronizados. Eu acredito que devemos ir exatamente em direção oposta.
Há um excelente estudo feito recentemente
sobre pensamento divergente. Publicado há dois anos. Pensamento divergente não
é a mesma coisa que criatividade.
Eu defino criatividade como o processo de ter
idéias originais que tem valor.
Pensamento divergente não é um sinônimo, mas é
uma capacidade essencial para a criatividade. É a habilidade de enxergar muitas
respostas possíveis para uma pergunta. Muitas formas possíveis de interpretar
uma pergunta. Pensar, como Edward de Bono definiu publicamente de
"lateralmente". Pensar não apenas de maneira linear ou convergente.
Enxergar múltiplas respostas e não apenas uma.
Eu preparei um teste para isso. Num deles
chamado de exemplo do bacalhau são feitas perguntas do tipo: Quantas utilidades
você pode ver para um clipe de papel?
Uma das perguntas rotineiras. A maioria das pessoas pensa em 10 a 15. Pessoas boas nisso podem achar até 200 utilidades. E elas fazem isso dizendo: Você sabe... Precisa ser um clipe de papel como o conhecemos, Jim?
Uma das perguntas rotineiras. A maioria das pessoas pensa em 10 a 15. Pessoas boas nisso podem achar até 200 utilidades. E elas fazem isso dizendo: Você sabe... Precisa ser um clipe de papel como o conhecemos, Jim?
O teste é esse: Eles foram dados para 1500
pessoas, num livro chamado "Breakpoint and Beyond". E pelas regras do
teste, se você pontuasse acima de um certo nível, você seria considerado um
gênio do pensamento divergente. Então a minha pergunta sobre isso é: Qual
percentagem das 1500 pessoas testadas obteve pontuação de gênio em pensamento
divergente? Eu preciso saber mais uma coisa sobre eles. Estas eram crianças do
Jardim de Infância... Então o que você acha?
Qual foi a percentagem de gênios? -80? 80,
Ok?, 98%. Agora a questão aqui é que este foi um estudo longitudinal. Então 5
anos mais tarde eles retestaram as mesmas crianças. Com idades de 8-10. O que
você acha? -50%? Eles as testaram novamente 5 anos mais tarde. Idades 13-15.
Você percebe uma modismo vindo por ai.
Agora isto nos conta uma história
interessante. Porque você poderia imaginar que eles estariam indo em outra
direção. Não é verdade?
Você começa não sendo muito bom, mas melhora com a idade.
Você começa não sendo muito bom, mas melhora com a idade.
Mas isso mostra duas coisas: Uma é que todos
nós temos essa capacidade. E duas: Ela predominantemente se deteriora. Muitas
coisas aconteceram com essas crianças a medida que cresceram. Muitas.
Mas das coisas mais importantes que aconteceu,
que estou convencido, é que agora elas foram educadas.
Elas passaram 10 anos na escola ouvindo: Há
uma resposta. Está atrás do livro. E não olhe. E não copie. Porque isso é
colar. Fora da escola isso é chamado de colaboração. Mas não dentro das
escolas.
Isto não é porque os professores quiseram que
fosse desse jeito. É simplesmente porque acontece dessa maneira.
É porque está na cadeia genética da
educação.Nós temos que pensar de forma diferente a respeito da capacidade
humana.
Temos que romper com a concepção antiga de
acadêmico e não acadêmico, abstrato, teorético, vocacional. E vê-la pelo o que
ela é. Um mito.
Em segundo lugar temos que reconhecer que o
melhor aprendizado acontece em grupos.
Colaboração é a matéria do crescimento.
Se atomizarmos as pessoas separando e
julgando-as separadamente. Nós criamos uma espécie de barreira entre elas e o
seu ambiente natural de aprendizado.
E em terceiro lugar, isto é crucialmente sobre
a cultura de nossas instituições. Os hábitos das instituições e os habitats que
elas ocupam.
Nenhum comentário:
Postar um comentário