"Preconceito linguístico não é val"
As pessoas aprendem a falar com seus pais e familiares. Cada palavrinha nova pronunciada de forma "elada" pelo filhinho ou filhinha é celebrada pelos pais orgulhosos e babões. Com a mamãe aprende-se os nomes das cores, dos bichinhos, dos objetos... Com o papai aprende-se o nome dos carros, dos times, das ferramentas... Com a avó aprende-se um ditado popular, o nome de uma erva... Com o padrinho aprende-se uma piada... Com os primos aprende-se os nomes e regras das brincadeiras ( "Dá dois toques não é val! Deixa! Ele é café com leite")... Com o irmão mais velho aprende-se uma gíria adolescente... Aprende-se _ escondido _ uma palavra feia, escutando uma conversa de adulto... E em meio a todas essas conversas aprende-se o "oxente" ou o "uai", ou seja, o sotaque, a identidade cultural-linguística, carregada de muita história, bons momentos, tradições e afetividade.
Como é possível dizer que esse modo de falar, herdado da família, é ERRADO!?!
Já o escrever é aprendido na escola, a duras penas! Cada letra, sílaba e palavra são uma vitória, para aluno e professora. São anos e anos de ditados, textos, provas, livros, regras, normas... Tudo conquistado com muito esforço para, aos poucos, ir se formando um indivíduo capaz de interagir com o mundo de forma crítica e autônoma, através da linguagem. Um indivíduo que se informa, reflete, questiona, argumenta, defende, critica, ensina, aprende, aprova, desaprova, recomenda, explica, expõe, se expressa, enfim, um indivíduo que age e interfere no mundo a partir de seus conhecimentos linguísticos.
Como é possível rejeitar esse conhecimento sobre a Linguagem padrão se ele é tão libertador!?!
Por tudo isso, concluímos que não existe linguagem certa ou errada, existem diferentes tipos de linguagem falada e existe a linguagem padrão. Cada uma delas tem o seu momento e sua função. Cabe a cada um aprender o máximo possível sobre todas essas linguagens, para que possa escolher aquela que seja melhor em cada situação de comunicação.
Dessa forma, podemos dizer sem medo que "Preconceito linguístico não é val!"
Professora Rita de Cássia Vasconcelos.
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