quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Primeiro "Sarau de Primavera" da Escola Oscar Prados - 7o ano 13


 Sarau de Primavera


Boa tarde a todos.



Sejam bem vindos ao primeiro Sarau de Primavera da Escola Oscar Prados, realizado pelos alunos do 7º ano 13.



Outubro é mês de primavera, época em que a natureza se veste com seu mais lindo véu de flores. O vermelho das rosas, o azul do céu, o verde dos campos, o amarelo dos ipês, todas as cores parecem estar mais vivas.  A vida parece mais viva e se enche de poesia.



Poesia... Como disse a escritora britânica Mary Shelley: "A poesia imortaliza tudo o que há de melhor e de mais belo no mundo." E a beleza pode estar nas coisas mais simples da vida, como um doce.

Os alunos: Carlos Eduardo, Laura, Anny, Daniela, Marinara, Danielly Santana e Fernanda de Souza, apresentam agora o poema “O doce”, de Carlos Drummond de Andrade.


O Doce
 

Carlos Drummond de Andrade



A boca aberta para o doce

já prelibando a gostosura,

e o doce cai no chão de areia, droga!



Olhar em redor. Os outros viram.

Logo aquele doce cobiçado

a semana inteira, e pago do seu bolso!

Irá deixá-lo ali, só porque os outros

estão presentes, vigilantes?



A mão se inclina, pega o doce,

limpa-o de toda areia e mácula do chão.

"Se fosse em casa eu não pegava não,

mas aqui no colégio, que faz mal?"





“Todo homem é poeta quando está apaixonado”, segundo o filósofo Platão. E provavelmente era nesse estado de espírito que se encontrava Drummond quando escreveu o poema “Quero me casar”, apresentado agora pelas alunas: Maria Eduarda, Ana Karolina, Fernanda Cristina e Gabriela Jullia.



Quero me Casar
 

Carlos Drummond de Andrade



Quero me casar
na noite na rua
no mar ou no céu
quero me casar.

Procuro uma noiva
loura morena
preta ou azul
uma noiva verde
uma noiva no ar
como um passarinho.

Depressa, que o amor
não pode esperar!



"O que distingue um grande poeta é o fato dele nos dizer algo que ninguém ainda disse, mas que não é novo para nós.", (José Ortega y Gasset – filósofo espanhol). E ao fazer isso, sua poesia nos leva a refletir. Vamos refletir juntos sobre o poema “Meio-fio”, do poeta Chacal, apresentado agora pelos alunos: Rafael, Leonardo, Lucas, Edilson, Eric, Henrique e Andrey.



Meio-fio


Chacal



Tem um fio de queijo

entre eu e o misto quente

recém-mordido



Tem um fio de goma

entre o chiclete e eu

recém-mascado



Tem um fio de vida

entre eu e teu corpo

recém-amado



Tem um fio de carne

entre teu corpo e teu filho

recém-nascido



Tem um fio de saudade

entre eu e você

recém-passado



Tem um fio de sangue

entre a razão e eu

recém-partido



Tem um fio de luz

entre eu e mim

recém-chegado



 “A poesia não é nem pode ser lógica. A raiz da poesia assenta precisamente no absurdo”, José Hidalgo. Lhes parece absurdo a Lua ir ao cinema? Pois ela foi. É o que nos conta o poema de Paulo Leminsk, apresentado pelos alunos: Álvaro, Natalia, Geovanna, Altamira e Ariane.



A lua foi ao cinema


Paulo Leminsk



A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.



Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!



Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava para ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.



A lua ficou tão triste
com aquela história de amor,
que até hoje a lua insiste:
- Amanheça, por favor!



Primavera é a estação das cores, e o branco é a junção de todas elas. Vamos conhecer a beleza e o encantamento da “Dama de branco”, poema apresentado agora pelas alunas: Danielly Cristina, Ana Julia e Isabelle.



Dama de Branco



Hirasawa Riku



Dançando serenamente
Estou contente observando
Minh’alma, feliz, cantando
Sempre assim, tão suavemente



A canção é intensa, tão bela
Com este brilho tão intenso
Incomparável incenso
A mais valiosa das pérolas



A mais doce serenata
Na mais perfeita harmonia
Sempre precisa poesia
Ao som de uma doce flauta



Soando por todo o salão
Anjos dançam em alegria
Aqui reside a magia
Aqui nada é, jamais, em vão



Enquanto ressoa este arpejo
Tal doce e belo cortejo
A linda dama de branco
É meu eterno e singelo anjo



E para encerrar nosso Sarau, lembrando que outubro também é o mês do Halloween, vamos conhecer o sombrio e vampiresco poema “Cruzes e espadas”, apresentado pelos alunos: Emilly, Ana Livia, Raquel, Nayara, Luiz Phellip e Ítalo.



Cruzes e Espada


Estou numa noite fria, noite negra,
sei que preciso me alimentar,
e enquanto caço, e ouço os gritos,
tento beber sem nunca pensar



Pesadelos enquanto durmo,
com as pessoas que já matei,
em nome de minha fome, o sangue.
Parar? Não acham que eu já não tentei?



Cruzes e espadas, esperando para nos matar,
em nome de um Deus Hebreu, que morreu para nos salvar,
não sei se choro, não sei se grito,
eu já não sei no que acredito,
apenas fico aqui esperando,
imerso nessa escuridão.



E eu espreitando, nessa noite escura,
que quanto mais fria, mais perdura,
esperando nessa terra insana,
caçando de noite como um animal,
esperando o fim dessa guerra,
que perdura entre o bem e o mal.



Estou, numa noite fria, noite negra,
um manto que por mais que sujo,
ele me aconchega,
pois sou o filho das trevas,
e ela é uma mãe que não me renega.



Lutando em meio desta não- vida,
esperando alguém para me salvar,
talvez a cruz e a espada,
possam com minha dor acabar.



Amaldiçoo minha existência,
maldita minha vida Imortal,
não, não peço a sua clemência,

apenas aguardo-a até o final.




Obrigada a todos por terem nos prestigiado e parabéns aos alunos pela ótima apresentação.

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