terça-feira, 11 de junho de 2013

Projeto Memorial: Tradições orais - Cordel e Lendas



Plano de aula
Rita de Cássia Vasconcelos                                        Língua Portuguesa
Turma: 7º ano 13                                                           Duração: 6 aulas
Tema:  Projeto Memorial: Tradições orais - Cordel e Lendas
Justificativa: À medida que a ciência e a tecnologia avançam; a sociedade, os ideais, os valores e as linguagem mudam, e o distanciamento do passado torna-se inevitável.
Mas a desvalorização da história, da memória cultural, das tradições, afasta o homem de suas raízes e da “realidade objetiva”.
Isso impossibilita-o de compreender como e porque se dão as transformações econômicas, políticas, sociais, linguísticas e culturais, porque ele não entende, não conhece a origem dessas transformações. Dessa forma, o homem se torna presa fácil de manipulação e dominação.
Pensando nisso, o projeto Memorial do Brasil, realizado pela Escola Estadual Coronel Oscar Prados, tem como objetivo resgatar, valorizar e preservar a memória do país, entendendo-a como elemento fundamental na formação da identidade cultural individual e coletiva, na instituição de tradições e no registro de experiências significativas.
 
Objetivos:
·         Valorizar e preservar a memória do Brasil.
·         Conhecer um pouco sobre a história do Cordel, uma importante manifestação cultural do Brasil.
·         Compreender o gênero textual Cordel a partir de suas características, estrutura e objetivos.
·         Valorizar a diversidade cultural brasileira conhecendo lendas de diferentes regiões do país.
·         Trabalhar a produção escrita através da intertextualidade e interdiscursividade entre do gênero narrativo cordel e lendas brasileiras.

Recursos:
·         Sala de vídeo.
·         Cópias dos textos trabalhados para os alunos.
·         Folhas sulfite e papéis carbono para confecção dos folhetos de cordel.

Avaliação:
·         Correção do questionário sobre o vídeo que conta a história da Literatura de Cordel.
·         Correção das produções de texto dos alunos.

Atividade 1: A história do Cordel

Na Europa, na Idade Média, num tempo em que não existia televisão, cinema, teatro internet para divertir o povo. A imprensa ainda não tinha sido inventada e pouquíssima gente sabia ler e escrever. Os livros eram raríssimos e caros, pois tinham de ser copiados a mão, um a um. Então, como as pessoas faziam para conhecer novas histórias?
Pois bem, mesmo nos pequenos vilarejos existia um dia da semana que era especial: o dia da feira. Nessas ocasiões, um grande número de pessoas se dirigia à cidade, e ali os camponeses vendiam seus produtos, os comerciantes ofereciam suas mercadorias e artistas se apresentavam para a multidão.
Um tipo de artista muito querido por todos era o trovador ou menestrel. Os trovadores paravam num canto da praça e, acompanhados por um alaúde (um parente antigo dos violões e violas que conhecemos hoje), começavam a contar histórias de todo tipo: de aventuras, de romance, de paixões e lendas de reis valentes, como o Rei Carlos Magno e seus doze cavaleiros.
Para guardar tantas histórias na cabeça, os trovadores passaram a contar suas histórias em versos. Dessa forma as rimas iam ajudando o artista a se lembrar dos versos seguintes, até chegar o fim da história.
Ao final da apresentação, o povo jogava moedas dentro do estojo do alaúde. O trovador, satisfeito, agradecia e partia em direção a outra cidade ou da próxima feira.
Mais tarde, quando Gutemberg inventou a imprensa, esses poetas populares puderam então registrar, imprimir e divulgar seus versos, popularizando o gênero textual que mais tarde viria a se chamar Cordel.
Vamos, agora, assistir a um vídeo que fala sobre a história e as características da Literatura de Cordel. Como forma de sintetizar o conteúdo desse vídeo, vamos responder ao questionário a seguir.
1.      Em que época e em que região do mundo se inicia a história do Cordel?
2.      Em que outros países, além do Brasil, já houve a produção de Literatura de Cordel?
3.      Por que em 1870 toda a Literatura de Cordel foi queimada na França?
4.      Como a Literatura de Cordel chegou ao Brasil e como ela se espalhou pelo país?
5.      Por que a Literatura de Cordel recebeu esse nome?
6.      Como são os textos da Literatura de Cordel do Brasil?
7.      Quais são os temas presentes nos textos de cordel  antigamente e atualmente?
8.      Qual era a importância do Cordel nos tempos em que não havia muito de comunicação como hoje?
9.      Quais as diferenças entre a poesia do cordel e a poesia erudita?
10.  Quem é considerado o principal escritor da Literatura de Cordel?
11.  O que é xilogravura e como ela é feita?
12.  De que outras maneiras a Literatura de Cordel vem sendo usada atualmente?

Atividade 2: Analisando o Cordel como gênero narrativo 
Como você já sabe o texto de Cordel essencialmente é uma narrativa contada em versos com rimas. Sendo assim, identifique os elementos da narrativa, presentes no cordel de Pedro Bandeira “O pássaro lapão”:
·         Personagens e suas características:
·         Tempo (cronológico ou psicológico):
·         Espaço:
·         Foco:
·         Introdução:
·         Conflito:
·         Desfecho:

O Pássaro Lapão

Pedro Bandeira

Do tal Pedro Malasartes,
você já ouviu falar?
Pois prepare sua risada
que estou pronto pra contar.

Esse Pedro é uma caipira
Bem do tipo brasileiro:
É quietão, de fala mansa,
Mas sabido e muito arteiro.

Pra dar duro no batente,
nosso Pedro é só preguiça,
mas não perde ocasião
de vingar uma injustiça.

E injustiça é o que não falta
nessa vida lá da roça.
Só se livra das maldades
o sujeito que tem bossa.

Foi assim que certa vez
o Martinho Deodato,
capataz do coronel,
foi caçar jacu no mato.

Quando ouviu um barulhinho,
levou a espingarda ao peito,
mas errou a pontaria,
deu um tiro tão sem jeito
que matou o cabritinho
da viúva do Chicão
e em vez de pagar a perda
inda disse um palavrão.
A viúva foi ao Pedro
contar a situação.
Pedro não era de briga,
mas jurou reparação.

Tratou logo de comer
uma janta reforçada:
rapadura, dois repolhos
e uma enorme feijoada...

Frente à casa do Martinho,
agachou-se bem na estrada.
Esperou fazer efeito...
e soltou a feijoada!
Com o seu velho chapéu,
tudo aquilo ele tapou
e agarrando bem as abas
calmamente ele esperou.

Foi aí que o Deodato
a tal cena veio ver
mas achando muito estranho
malcriado quis saber:

_Que será que está havendo?
Será louco esse sujeito?
O que está fazendo aí
agachado desse jeito?
Pra erguer esse chapéu
você não tem força, não?
Ou será que esse chapéu
tá pregado aí no chão?

Malasarte até gostou
da caçoada do safado,
pois chegara a ocasião
de fisgá-lo bem fisgado.

_Nada disso, meu amigo,
é que eu consegui pegar
o tal pássaro lapão
que não pode me escapar.
Ele é muito valioso:
a mulher do delegado
prometeu dar um milhão
se eu pegar este danado...

Quando ouviu falar
a cobiça começou
a crescer no Deodato,
e o safado comentou:

_Um milhão é um bom dinheiro,
muito mais que o senhor pensa.
E por que não vai buscar
essa grande recompensa?

A arapuca estava pronta,
só faltava um bocadinho
para ver o Deodato
cair nela direitinho.

_Esse é um bicho delicado,
qualquer coisa lhe faz mal.
Só se deve transportá-lo
em gaiola especial.
A gaiola é muito cara,
fabricada no estrangeiro.
E eu nem sei o que fazer
já que não tenho dinheiro.

A cobiça foi crescendo,
Até dava comichão,
pois aquele capataz
só pensava no milhão:

_Vou enganar esse caipira,
pelo jeito ele é um cretino.
Não fosse eu, o Deodato,
um sujeito tão ladino...

Se a questão era dinheiro,
e se o outro nada tinha,
para ele estava fácil,
era só manter a linha:

_Gostaria de ajudar
e o problema resolver.
A gaiola, quanto custa?
Gostaria eu de saber...

Malasarte suspirou,
fez um cálculo mental,
lembrou da boa viúva
e do seu pobre animal.

_A gaiola, meu amigo,
é bem cara, eu admito.
Ela custa, lá na venda,
mais que o preço de um cabrito...

Sem perder nem um segundo,
nem contar o que continha,
Deodato lhe estendeu
a carteira bem cheinha.

_Eis aqui todo o dinheiro,
não precisa nem contar.
Deixe que eu seguro as abas,
e a gaiola vá comprar!

Malasarte foi pegando
o dinheiro sem demora,
montou rápido na mula
e tratou de ir logo embora.

Foi pra casa da viúva,
que chegou a dar um grito
quando viu tanto dinheiro
pra comprar outro cabrito.

O Martinho Deodato
Ficou vendo o Pedro ir
e assim que se viu sozinho,
bem feliz ficou a rir:

_Pelo preço de um cabrito,
vou ganhar esse milhão!
Agora é só agarrar
o tal pássaro lapão!

Foi pegar o passarinho
de uma forma meio lerda,
devagar ergueu a aba
e enfiou a mão na...

Foi pegar o passarinho,
bem do jeito que ele gosta
devagar ergueu a aba
e enfiou a mão na...

Atividade 3: Produzindo Cordel
Assim como os cordeis, outros gêneros textuais como contos populares, lendas, mitos etc. bem como os saberes e costumes das comunidades nascem a partir da tradição oral, ou seja, vão passando de geração em geração, de pais para filhos, de avós para netos.
Essas tradições devem ser respeitadas e valorizadas uma vez que constituem patrimônio oral ou patrimônio imaterial, e é através disso que cada povo marca a sua diferença e encontra-se com as suas raízes, isto é, revela e assume a sua identidade cultural.
Pensando nisso, vamos construir um pequeno memorial das tradições orais brasileiras, através da produção de cordeis inspirados em lendas, contos e mitos de cada região do país.
A turma será dividida em grupos de até 4 pessoas.
Cada grupo receberá uma lenda, mito ou conto popular brasileiro e produzirá um cordel baseado nesse texto.
Os cordeis deverão ser entregues em rascunho para a professora corrigir.
Posteriormente, após a correção, os grupos reproduzirão o cordel em folhas sulfite, de forma similar aos cordeis originais.
Os grupos também produzirão xilogravuras para ilustrar as capas de seus cordeis conforme explicação da professora.
As produções serão xerocadas e expostas em cordões numa pequena feira realizada durante o recreio.
Trabalho de Português - Valor 2,0 pontos

Objetivo: Criar um folheto de Cordel baseado um uma lenda brasileira.
Instruções:
·         Crie um poema de Cordel narrando a lenda que você recebeu.
·         O texto deve seguir toda a estrutura do gênero textual Cordel:
Þ    ser feito em versos,
Þ    conter rimas,
Þ    narrar uma história com começo meio e fim,
Þ    ser simples e direto.
·         Faça primeiramente em rascunho.
·         Após a correção da professora, você irá passar o texto para folhas sulfite, grampeadas em forma de folheto, como nos Cordeis.
·         Produza uma “xilogravura” conforme as explicações da professora e ilustre a capa de seu cordel.
Avaliação:
Þ    Pontualidade, capricho e criatividade.
Þ    Adequação do texto às características do gênero.
Þ    Xilogravura.
Não serão aceitos trabalhos entregues fora da data. Deverá ser entregue um trabalho por dupla.

Lendas utilizadas

(Região SUL)
A lenda das Cataratas

No sul existe uma lenda sobre a origem das Cataratas do Iguaçu.
Diz que os índios Caigangues, que habitavam as margens dos rios Iguaçu e Paraná, acreditavam que o mundo era governado por M’Boy, ou Mbá, um deus que tinha a forma de uma serpente e era filho de Tupã.
O cacique dessa tribo, chamado Igobi, tinha uma filha, Naipi, tão bonita que as águas do rio paravam quando a jovem nelas se olhava.
Devido à sua beleza, Naipi foi prometida ao deus M’Boy, e passaria a viver somente para o seu culto.
Havia, porém, entre os Caigangues, um jovem guerreiro chamado Tarobá, que ao ver Naipi por ela se apaixonou.
No dia em que foi anunciada a festa de entrega da bela índia ao deus, enquanto o cacique e o pajé bebiam, Tarobá fugiu com a linda Naipi, numa canoa que seguiu rio abaixo arrastada pela correnteza.
Quando M’Boy soube da fuga de Naipi e Tarobá ficou furioso. Penetrou, então, nas entranhas da terra e retorcendo o corpo produziu uma enorme rachadura, que formou uma catarata gigantesca.
Envolvida pelas águas desta imensa cachoeira, a canoa dos índios fugitivos caiu de grande altura, desaparecendo para sempre.
Diz a lenda que Naipi foi transformada em uma das rochas centrais das cataratas, eternamente castigada pelas águas revoltas. E Tarobá foi convertido em uma árvore, situada à beira do abismo e inclinada sobre a garganta do rio. Debaixo dessa árvore acha-se a entrada da gruta, de onde o monstro vingativo vigia, eternamente, as suas duas vítimas.

(Região SUL)
 A lenda do caixão branco

Conta-se que antigamente havia na região um senhor muito mão-de-vaca. Ele economizava até na alimentação.
Quando chegavam visitas em sua casa, recebia-as somente na varanda, não as recolhendo ao interior da casa. Não desejava correr o risco de ter que alimentá-las. Não oferecia nem mesmo o costumeiro chimarrão.
Quando chegava o horário das principais refeições chamava sua esposa para conversar com as visitas, ia até a cozinha para comer e voltava rapidamente para continuar a conversa.
As pessoas mais idosas contam que o sovina enterrava todo o dinheiro que recebia dos pinheiros que comercializava.
Ocorre que após o seu falecimento passaram a acontecer coisas estranhas.
Conta-se que se alguém passar depois da meia-noite em frente à casa onde ele morava, aparece um caixão branco, que voa em direção onde ele enterrou o dinheiro.
Atualmente, as terras que lhe pertenciam foram compradas. O novo dono não faz outra coisa, a não ser procurar o dinheiro enterrado.

(Região Norte)
A lenda da Iara

A Iara é uma das mais conhecidas lendas do folclore brasileiro. Ela é uma linda sereia que vive no rio Amazonas, sua pele é morena, possui cabelos longos, negros e olhos castanhos.
Segundo a lenda, Iara era uma índia guerreira, a melhor da tribo e recebia muitos elogios do seu pai que era pajé.
Os irmãos de Iara tinham muita inveja, resolveram matá-la à noite enquanto dormia.
Iara, que possuía um ouvido bastante aguçado, os escutou tramando sua morte, se antecipou e os matou.
Com medo da reação de seu pai, Iara fugiu.
 Seu pai, o pajé da tribo, realizou uma busca implacável e conseguiu encontrá-la. Como punição pelas mortes a jogou no encontro dos Rios Negro e Solimões.
 Alguns peixes levaram a moça até a superfície e a transformaram em uma linda sereia.
Desde então, Iara costuma tomar banho nos rios e cantar uma melodia irresistível, desta forma os homens que a veem não conseguem resistir aos seus desejos e pulam dentro do rio. Ela tem o poder de cegar quem a admira e levar para o fundo do rio qualquer homem que ela desejar se casar.
Os índios acreditam tanto no poder da Iara que evitam passar perto dos lagos ao entardecer.

(Região Nordeste)
A lendo do Cabeça-de-cuia

Crispim era um pescador que vivia da pesca nas águas do rio Parnaíba e habitava as suas margens, nas imediações em que o rio recebe as águas do rio Poti, zona norte de Teresina, no Piauí. Morava com a mãe, já velha e adoentada.
Cetra vez, depois de passar um dia inteiro sem nada conseguir pescar, Crispim volta para casa cheio de frustração e revolta. Pede à mãe alguma coisa para comer, e esta lhe serve o que tinha: uma rala sopa de osso.
Irritado, Crispim grita que aquilo é comida para cachorro, e em seguida pega o osso e parte para cima da mãe, atingindo-a várias vezes.
Desesperado, o pescador sai correndo porta afora e joga-se nas águas do rio, enquanto a mãe, agonizando, lança-lhe uma maldição: “Haverá de se transformar em um terrível monstro, que só descansará quando sacrificar sete virgens chamadas Maria”.
Crispim se transforma num ser com uma cabeça enorme, alto, magro, com longos cabelos caídos pela testa e cheios de lodo e passa a ser chamado de Cabeça-de-Cuia.
Desde esse dia, o Cabeça-de-cuia nada errante pelas águas dos dois rios, surgindo ora aqui, ora ali, na época das enchentes e nas noites de sexta-feira.
 Aparece de repente para ameaçar os pescadores que pesquem em excesso, além do que precisam e para agarrar banhistas desavisados, principalmente crianças, arrastando-os para o fundo das águas.
De sete em sete anos, devora uma moça chamada Maria. Após apoderar-se de sete Marias, seu encanto estará quebrado e ele retornará ao seu estado natural.

(Região Norte)
A lenda da vitória-régia

As lagoas e os lagos amazônicos são espelhos naturais da vaidosa Jaci, a lua. As cunhãs (índias) e as caboclas ao vê-la refletida sentiam toda a inspiração para o amor. Ficavam então no alto das colinas esperando pelo aparecimento da lua, e que com o contato de sua luz pudessem subir ao céu, transformadas em estrelas para ficar mais perto de Jaci.
Um belo dia uma linda cabocla, tomada pelo amor, resolveu que era chegado o momento de transformar-se em estrela. E com este intuito subiu à mais alta colina, esperando poder tocar a lua e assim concretizar o seu desejo.
Mas ao chegar ao cimo da colina viu a lua refletida na grande lagoa e pensou que ela estava se banhando.
Na ânsia de tocar Jaci para realizar seu sonho de amor, a bela cabocla lançou-se às águas da lagoa. Mas acabou se afogando e afundou sumindo nas águas.
A lua Jaci, comovida com o infortúnio de tão bela jovem e não podendo satisfazer seu desejo de levá-la para o céu em forma de estrela, transformou-a na bela estrela das águas, a linda planta aquática que é a Vitória Régia, cuja beleza e perfume são inconfundíveis.
Dizem que o local onde o fato aconteceu é o lago Espelho da Lua, situado no município de Faro, na região do baixo amazonas paraense.

(Região Sudeste)
A Mulher de duas cores

No século dezenove, na época da escravidão, havia uma fazenda na fronteira de Minas Gerais com São Paulo onde morava um viúvo fazendeiro chamado Ernesto, que tinha uma filha loira com o nome de Cláudia.
Certo dia, a filha do fazendeiro se apaixonou por um escravo e este casal passou a se encontrar escondido. Porém, Ernesto descobriu sobre o namoro de Cláudia, a proibiu de se encontrar com o escravo e ameaçou vender o seu amado.
A moça confessou estar grávida e fugiu com o seu amado para um quilombo. A mãe do escravo ao saber desta história fez um ritual de candomblé para que a criança não nascesse.
Já, o fazendeiro ao saber de tudo isto, encomendou os trabalhos de uma feiticeira europeia para que, também, o bebê não viesse ao mundo.
Alguns meses se passaram e Cláudia deu a luz a uma menina de duas cores: metade do corpo da criança era negro e outra parte era branca. Esta criança foi batizada com o nome de Branca Morena.
O povo do quilombo costumava costurar roupas diferentes para esta menina: seus vestidos sempre tinham duas cores: preto e branco; vermelho e azul; verde e rosa; etc.
O tempo passou, a princesa Isabel assinou a abolição dos escravos. Mas este casal, com medo que sua criança sofresse, nas mãos dos preconceituosos, decidiu não sair do quilombo.
Porém, ao completar quinze anos de idade, Branca Morena fugiu do quilombo e chegou de noite a uma cidade.
Ela moça entrou dentro de uma casa sem bater , porém tropeçou num vaso e fez barulho. Desta maneira, uma das moradoras deu de cara com ela e se assustou soltando um grito.
Então, as outras pessoas da casa acordaram e se espantaram com a aparência de Branca Morena. Assim, o integrante mais velho, pensando em se tratar de uma assombração diabólica, amarrou a moça, colocou-a num saco e matou a pobre, com um tiro, numa das estradas de Minas Gerais que fazia fronteira com São Paulo.
Diz a lenda que seu fantasma ainda anda por aquela estrada , assustando os caminhoneiros e os condutores dos demais veículos . Até hoje, ela caminha com pressa, quase correndo, sem botar o calcanhar no chão .

(Região sudeste)

O Fantasma do Convento

 

Há muito tempo atrás, Joaquim, um jovem frei viajante, chegou ao Espírito Santo. Fico hospedado em Vila Velha. Logo decidiu dar uma caminhada para conhecer a vila e as pessoas que ali viviam.
À tarde, chegou numa pequena aldeia de pescadores de onde se podia ver um convento no alto de um monte.
_ É o Convento da Penha_ Informou um pescador.
Joaquim ficou muito admirado com o belo convento. À noite, o frei encontrou um velho pescador a quem perguntou:
_ Como faço para chegar no Convento da Penha?
_Mas agora, frei? Já está anoitecendo ..._ Disse o pescador.
_Qual o problema? Não vou me perder.
_Você não tem medo do fantasma? _Perguntou o velho.
_Fantasma?
_Sim. Toda a noite ele passeia próximo ao convento. Ninguém sobe ao convento de noite.
Joaquim riu muito. Ele chamou todos os habitantes da vila de pescadores e explicou para eles que fantasmas não existem. E para provar sua coragem disse:
_Já é quase meia-noite. Eu vou subir o caminho da Penha (hoje Ladeira do Convento) e, chegando lá em cima, vou tocar o sino da capela doze vezes.
O frei pegou a lanterna e iniciou a subida. No caminho os pios das corujas e outras aves noturnas não o assustavam.
_Aquele povo inculto precisa aprender uma lição e não acreditar mais nessas besteiras "_ Pensava ele enquanto os vaga-lumes brilhavam pelo caminho.
Chegando ao convento, Frei Joaquim foi até o campanário para tocar o sino e provar o êxito de sua aventura.
Quando ele foi tocar o sino, segurando a corda estava o fantasma do convento. O aterrorizado frei largou a lanterna e desceu o monte correndo no escuro!
Os moradores da vila ficaram surpresos ao vê-lo chegar, passando tão depressa.
Ninguém ficou sabendo o que acontecera, mas todos tinham certeza de duas coisas: ele só não se machucou por milagre de Nossa Senhora da Penha e aquele frei aprendeu uma valiosa lição: Deve-se sempre respeitar as crenças de um povo.  

(Região Centro-oeste)

Romãozinho

 

Era um menino filho de lavrador, e já nasceu vadio e malcriado. Adorava maltratar os animais e destruir plantas, sua maldade já era aparente.

Um dia, sua mãe mandou-o levar o almoço do pai que estava num roçado trabalhando. Ele foi, de má vontade é claro.

No meio do caminho, comeu a galinha inteira, juntou os ossos, e levou para o pai. Quando o velho viu o monte de ossos ao invés de comida, perguntou que brincadeira sem graça era aquela.

Romãozinho, ruim como era, querendo se vingar da mãe, que tinha ficado em casa lavando roupa, disse:

_Foi isso que me deram... Acho que minha mãe comeu a galinha com um homem que vai lá quando o senhor não tá em casa, aí mandaram os ossos...

Louco de raiva, acreditando no menino, largou a enxada e o serviço, voltou para casa, puxou a peixeira e matou a mulher.

Morrendo a velha amaldiçoou o filho que estava rindo:

_Não morrerás nunca. Não conhecerás céu ou inferno nem descansarás, enquanto existir um único ser vivo na face da terra."

O marido morreu de arrependimento. Romãozinho sumiu, rindo ainda.

Desde então, o moleque que nunca cresce, anda pelas estradas, fazendo o que não presta; quebra telhas a pedradas, assombra gente, tira choco das galinhas. É pequeno, pretinho como o Saci, vive rindo, e é ruim.

Não morrerá nunca enquanto existir um humano na terra, e como levantou falso testemunho contra a própria mãe, nem no inferno poderá entrar.

Um comentário:

  1. Muito bom, seu projeto. Me ajudou muito em meu trabalho sobre lendas brasileiras. Parabéns, colega!
    Abraços,
    Maria Zilda de Oliveira

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